terça-feira, 25 de setembro de 2012

Três faces da liderança


Liderança na Prática traz três empresários que se tornaram referência em suas áreas tendo perfis muito diferentes




Existe algum segredo para ser bem sucedido nos negócios? Foco no lucro, forte cultura humanista ou conhecimento profundo de matemática financeira? Os empresários Fersen Lambranho, co-CEO da GP Investments, Pedro Passos, co-presidente do Conselho de Administração da Natura, e Meyer Nigri, sócio-fundador da Tecnisa S/A, afirmar que contaram, respectivamente, com essas características para construir suas trajetórias à frente de suas empresas. Foi ouvindo essas três histórias de engenheiros que seguiram caminhos bem diferentes que a comunidade Fundação Estudar pode aprender mais sobre liderança na série Liderança na Prática, realizada na Livraria da Vila na primeira quinzena de dezembro.

Dentre as várias características que tornam alguém um líder, ter autoridade, responsabilidade e inspirar confiança são apontadas como elementares pelo empresário Fersen Lambranho, para quem um verdadeiro líder é aquele que escolhe bem um time e consegue liderar seus integrantes no trabalho em equipe. “Liderar é integrar as pessoas, fazer com que elas se unam em uma missão”. Em sua visão, a maior missão de uma empresa é o lucro. “Temos que fazer bem, muito e com pouco. O crescimento, o desenvolvimento das pessoas, só acontece se houver caixa.” Fersen ingressou na GP em 1998, tornando-se Managing Director em 1999. Foi ainda CEO das Lojas Americanas, onde trabalhou por 12 anos e atuou como membro do conselho de 1998 a 2003. Hoje, é Co-Presidente do Conselho e Co-CEO da GP Investments. O empresário contou que manter uma cultura forte e consistente foi a estratégia  do sucesso da GP ao longo dos anos. Liderança? “Na vida você pode aprender qualquer coisa, com liderança é assim também”.


Pedro Passos contou que na Natura os objetivos do negócio sempre foram mais amplos: lucro, resultado socioambiental e posicionamento político. “Muitas vezes, fui obrigado a abrir mão de um resultado de curto prazo para não prejudicar a consistência dos valores da empresa”. Pedro entrou na Natura em 1983 e esteve à frente da empresa, junto com seus sócios Guilherme Leal e Luís Seabra, no período de crescimento vertiginoso na década de 90. E como uma empresa pode crescer tanto e manter esses valores ainda sólidos? “Acreditamos que são os pequenos exemplos do cotidiano que reforçam os valores. E temos a preocupação em formar nossas lideranças internamente. È muito mais fácil desenvolver alguém dentro de uma cultura do que depois integrar profissionais vindos de ambientes com visões muito diferentes”. Sob uma perspectiva humanista, Passos enxerga a formação e a aprendizagem como os maiores benefícios de um emprego.


Formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, Meyer Nigri, fundador da Tecnisa S/A, fez uso de seu elevado conhecimento em matemática financeira para administrar seus negócios, economizar recursos e identificar boas oportunidades de investimento. Meyer fundou a construtora aos 23 anos, quando estava se formando na faculdade, e em três décadas de empresa considera que seu interesse em aprofundar-se em assuntos espinhosos, como as regras do imposto de renda e as flutuações econômicas em épocas de hiperinflação, foram essenciais para que a Tecnisa se saisse bem em períodos difíceis. “E tem outras duas coisas que preciso mencionar, sempre fui um cara sortudo, para quem surgiram boas oportunidade, e por ser muito correto inspiro confiança nas pessoas, o que permitiu que pudesse contar com parceiros nos negócios”. Defensor do tempo para o lazer, Meyer tenta aprender também nesses momentos: “Jogo poker há 30 anos e posso dizer que é uma das melhores maneiras de entender o mundo do business. Afinal, estamos falando sobre conhecimento de risco, probabilidade e coragem para investir”, explica Meyer.


Seguindo cada um uma lógica própria, Meyer Nigri, Pedro Passos e Fersen Lambranho compartilharam as habilidades e decisões que foram fundamentais para suas trajetórias. Com jeitos diferentes de gerir pessoas e elaborar estratégias, os três formam um conjunto heterogêneo de empresários brasileiros que construíram grandes negócios. Como disse Fersen Lambranho, “liderança só se mede no final da história, avaliando-se o legado que o líder deixou”.



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